Sempre que eu encontro alguém é tão você, sou eu – não sei onde acaba uma e começa outra.

Por que você te grito nesse silêncio. Por que te escrevo e me escrevo sem rimas e esqueço as vírgulas pra ver se esqueço também se me esqueço também se de repente amanheço com o peito leve. Me leve. Só quero ir mas me deixar nesse ano que me pesa. Só quero não ser se esse é o preço pra seguir em frente sem o coração em carne viva, a pele em chamas, os olhos ainda tão lustros.

Então eu sento e espero que isso passe. Deito e espero que isso não esteja comigo no dia seguinte. Acordo e espero que isso suma. Há meses que tento fingir que não arde, que não queima, que não me sucateia. Que a ansiedade dos olhos não é a mesma do peito. Que isso que está em mim, e que não sei nomear, vai passar.

E não passa nunca. De manhã de tarde de noite. É água pra todo lado. E não sai de mim. E rompe. E arde como sal nos olhos. E machuca como areia na pele. E não cicatriza. E não entendo como sigo ferindo ele, como sigo me cortando. E não entendo silêncio. Porque não silencio em mim. Quero me silenciar.

 

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